Sinóticos
Ministério de Jesus
O ministério de Jesus é marcado por milagres e ensinamentos. Cada um dos evangelistas enfoca de modo diferente o ministério de Jesus na Galileia. Evidentemente, um dá mais importância aos discursos (Mateus, por exemplo) ao passo outros (comunidade de Marcos) enfatizam bastante os milagres. Mas o importante é que o homem de Nazaré atua na Galileia. Ele só vai à Jerusalém (lugar do Templo – cf. Mc, 8,27-10; Mt 19, 1-33; Lc 9,51-19,27) para morrer. Marcos se concentra na morte de Cristo; Lucas encomprida a história, deixando o caminho para Jerusalém mais longo e recheado de discursos. Ele concentra tudo na morte. Mateus concentra seus ensinamentos nos 5 discursos (que não estão concentrados no caminho de Jerusalém, mas na Galileia).
Existe entre os sinóticos certa originalidade (mesmo não absoluta) na organização nos evangelhos; há uma estrutura (todos falam de J. Batista, batismo, tentações, exercício do ministério na Galileia, aparece sempre o tema do caminho e terminam com o ministério em Jerusalém) básica que perpassa os três sinóticos; encontramos enfoques teológicos diferentes nos sinóticos. Esses enfoques estão ligados à comunidade destinatária e ao contexto político-social; provavelmente existe uma fonte comum aos três evangelhos... Pode ser que Marcos seja a fonte; Mateus e Lucas têm em comum uma fonte (as bem-aventuranças) que Marcos não tem.
Questão Sinótica
Semelhança entre os três evangelhos
No estilo e na linguagem;
Cada evangelista tem um matéria que lhes é específico (inclusive coisas que tem num e noutro não). Alguns temas são deslocados de um evangelho para outro (exemplo: sobre ser menor e servir, Mc e Mt a colocam depois do discurso de sentar a direita ou à esquerda; Lucas a põe na ceia).
Hipóteses sobre as origens e diferenças dos Sinóticos
a) Evangelho Primitivo: As diferenças que existem são fruto de uma fonte primeira (evangelhos dos nazarenos) e quando foi traduzida do aramaico houve diferenças;
b) Fragmentos: os apóstolos anotaram fragmentos que depois seriam enviados. Esses textos aos poucos desapareceram, mas, aos poucos, os colecionadores compilaram essas narrativas;
c) Tradição: segundo essa acepção, existia um evangelho (ditos comuns) oral uniforme que tinha a finalidade da pregação. Como a transmissão teria sido em aramaico, que posteriormente foi escrito e traduzido para o grego, resultaram as diferenças;
d) Utilização: essa hipótese sustenta que os evangelhos têm uma dependência literária: primeiro, (para Agostinho), Mateus, depois Marcos e Lucas; Marcos dependeu de Mateus e de Lucas; outra possibilidade é a de que Mateus e Lucas receberam fonte de “logia”, Q. No século 19 pensou-se que Marcos poderia ter sido fonte dos outros evangelhos, por se sintético e objetivo... Os últimos estudos, em consenso, tendem a defender essa última postura;
e) A fé da comunidade teria influenciado na tradição e teologia dos sinóticos. Aqui entra a noção de que a comunidade marca a história dos escritos. Ela própria produz os textos;
f) Marcos é um evangelho original e antes dele só havia a tradição oral.
Atualmente, os exegetas entram em acordo em algumas proposições: a) a redação original não foi preservada (derruba-se a hipótese “a”); b) A transmissão oral foi, certamente, em aramaico antes de chegar o grego; c) a escrita em grega dos evangelhos se apoiou na tradição oral do aramaico; d) evidências entre Mt e Mc e Lc e Mc são notáveis. Note-se que Mc é referencial. Somente 30 versículos (Mc 4,26-29; 7,31-37 e 8, 22-16) de Mc não aparecem em Lc e Mt; e) há uma sequência estrutural entre os sinóticos; f) o evangelho de Marcos usa linguagem direta e simples; g) existe uma fonte comum entre Mateus e Lucas; h) Mt e Lc têm em comum a fonte logia, Q – que justificaria os textos que lhes são próprios e que não encontramos em Mc; i) não se sabe a origem de partes dos Evangelhos de Lucas (1/3) e de Mateus (1/5) que se lhes são próprios. A hipótese sugere que esses dois evangelistas tiveram acesso a uma terceira fonte; J) o interesse dos evangelhos é proclamar a Morte e Ressurreição de Jesus de Nazaré, proporcionar uma instrução para a conduta da vida, preparar a comunidade para controvérsias com adversários (principalmente judeus e gregos).
Os ditos de Jesus gozaram decisivas na Igreja apostólica – o que facilita a memorização. A fonte Q teria um caráter mais didático ou catequético que missionário. Ela não faz referência à paixão.
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Sival Soares, em 29 de abril de 2011