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Introdução a Mateus

Introdução a Mateus

Geral

O evangelho de Mateus foi escrito para os judeus. Não temos no judaísmo um único tipo de visão de mundo, de Deus. Cada grupo ler e reler a Torá de forma específica. Há maneiras multifacetadas, múltiplas e diversas no interior do judaísmo do ano 70. Abaixo, abordaremos os cenários do judaísmo no tempo do surgimento do evangelho de Mateus, as fações judaicas, as características políticas, sociais e culturais do I século e algumas características do evangelho de Mateus.

Cenários do Judaísmo

O contexto compreende do ano 165 ao 100 antes de Cristo... é um período fluido e diversificado. Há várias formas de judaísmos e de viver a Palavra de Deus. Nesse período, o judaísmo compreende várias facções fragmentadas, linguagens sectárias, hostilidade à liderança judaica, centralidade da lei e perspectiva de aliança com Deus.

Fragmentações e Facções

Pelo ano 160 a Palestina estava governada pelos selêucidas, período de dominação helenista, nuns momentos os pitolomeus, noutros egípcios ou assírios intervalam-se para tomar conta de Israel. O Helenismo exerce grande influência sob Israel. Ele seduz os judeus. É também a época do aparecimento do livro dos Macabeus.

Encontramos nesse tempo Judas Macabeus, personagem que percebe que era preciso e faz aliança com Roma contra os Selêucidas; estes foram derrotados. Os Macabeus assumem o poder, Israel consegue viver em certa liberdade e inicia a dinastia dos asmoneus, que ao assumirem o poder reproduzem a violência e a corrupção no templo. Ocorrem as divisões: grupos do poder, de um lado, e grupos religiosos de outro.

A segunda fase da fragmentação ocorre no século I, quando da ocupação romana. O ano 70 d.C ocorre a destruição do Templo e, por consequência, o fim da liderança sacerdotal. Nesse período de fragmentação religiosa, as escolas judaicas disputam a melhor maneira de interpretar as Escrituras. Flávio Josefo fala de três facções: fariseus, saduceus e essênios. No fundo, essas facções revelam as profundas divisões sociais. A linguagem religiosa usada girava em torno dos ímpios/justos, piedade/temor de Deus, impuro/puro... estes termos são comuns dentro desses grupos.

Destruição do Templo e o Evangelho

O evangelho de Mateus é, de certa forma, a posição de um grupo que se opõe à dominação de Roma. No ano 70, as chaves do Templo, tornaram-se símbolos da falha das lideranças. O grande conflito de Jesus é com o Templo e sua corja, ou seja, sacerdotes e chefes da lei. Já a comunidade de Mateus faz seu embate aos fariseus... A comunidade cristã queria interpretar a lei à luz do crucificado.

É preciso distinguir o tempo de Jesus e o da comunidade de Mateus, neste caso, o pós 70. Esse ano foi lido como castigo divino por infidelidade do povo, sobretudo dos sacerdotes. O que unia os grupos diversos no judaísmo era a Lei. Todas as facções sentiam-se eleitas, a verdadeira Israel. Legitimavam-se pela Lei e reivindicavam seu entendimento verdadeiro e o poder de interpretá-la em nome de Deus.

O evangelho de Mateus é cheio de disputas; são alimentadas na Escritura. Por isso cita-se sempre a Torá. O que estava em jogo era saber quais dos grupos eram o verdadeiro povo fiel de Israel. A comunidade de Mateus se situa nessa pretensão. Não existe, ainda, ruptura com o judaísmo. A comunidade cristã, inicialmente, é uma comunidade judaica.

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Sival Soares, em 29 de abril de 2011




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