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Estudo de Marcos

Estudo de Marcos

Introdução e Temas

Cada evangelho tem uma dinâmica, uma sistematização. Há um roteiro teológico em cada evangelista. Precisamos conhecê-lo.

Milagres: há muitos milagres no evangelho de Marcos. Encontramos nele oito curas (febre, lepra, paralítico, paralisia na mão, mulher hemorrágica, surdo-mudo e cego). Encontramos também exorcismos: 1, 23-28 e 5, 1-20 etc. Há uma ressurreição (5,21), a filha de Jairo, dois salvamento no mar (4, 35-41; 6, 45-52), dois relatos da multiplicação dos pães (6, 30-44 e 8, 1=10) e dois outros milagres estão na segunda parte do evangelho.

No evangelho encontramos também uma série de controvérsias e disputas – que normalmente giram em torno dos milagres. São 7 controvérsias (2, 1-12; 2, 15-17; 2, 18-20; 2, 23-26; 3, 1-6; 7, 1-13; 11, 27-33), além de quatro discussões com as escolas judaicas (10, 2-12; 12, 13-17; 12, 18-27; 12, 28-34). Jesus queria anunciar o reino de Deus, com palavra e ações. O seguimento, o ato de carregar a cruz, renunciar a si mesmo, está ligado à missão. No tempo de Jesus existiam, basicamente, duas escolas: a de Hillel (com visão aberta, liberal) e Shamai (severa, conservadora). As disputas serviam para dizer em que lugar se estava. Jesus, como se sabe, não se filiou a nenhuma escola.

Há uma unidade no evangelho de Marcos que diz respeito aos discípulos – fala de vocação, instrução para missão e outras instruções ou ensinamentos (em relação ao poder, ao dinheiro, etc.). Por fim encontramos também relatos que tratam da relação de Jesus com João Batista (alguns traços biográficos, batismo de Jesus, anúncio); há também relatos da morte de Jesus.

Também encontramos um pequeno bloco de parábolas (só 12), agrupadas em Mc 4, 1-34; 13, 28-37 (parábolas de confronto); no início(2, 19-22) e no fim do evangelho.

Em Marcos alguns pronunciamentos de Jesus são de nível profético e apocalíptico, particularmente no capítulo 13. Encontram-se outros pronunciamentos solenes (3, 28-29; 9, 1.14 etc.). Há também palavras de sabedoria (2, 21-22.27-28) que não se sabe ao certo se são palavras de Jesus ou ditos de sabedoria comum à época. Tem também sumários (1, 32-34; 3, 7-13; 6.12-13), tratando as coisas no genérico e amarrando assim narrativas e versículos de transição que articulam textos (1, 21-22.39; 2, 13; 4,1);

 

No evangelho de Marcos temos:

Ciclos de milagres; controvérsias em dois lugares (Galileia, com os milagres; em Jerusalém, na segunda parte do evangelho), coletânea de instruções aos discípulos e aos problemas da comunidade; discurso apocalíptico, relato da paixão e parábolas.

O evangelho ajunta um bloco de milagres, biografias, parábolas, missão etc. Em geral, as controvérsias estão sempre depois da prática de Jesus.

Há três formas de ler o evangelho de Marcos: a) olhando os lugares (Galileia-Jerusalém, território pagão e território judaico); b) olhando a evolução dos atores do drama (Jesus, os doze, família, adversários, multidão); c) olhando os elementos mais formais (sumários versículos de transição etc.).

São três formas de ler e perceber a literatura marcada. Pode-se também ler esse evangelho a partir da pergunta, quem é Jesus. O povo deseja saber quem é esse homem; Pedro confessa-o como Messias e em seguida o próprio Jesus se assume dessa forma.

Há dois momentos do ministério de Jesus: um situa-se na Galileia, outro em Jerusalém. O que divide essas duas partes do evangelho é a confissão de Pedro.

Estilo de Marcos

Vocabulário simples (pobre); abusa de certas palavras demasiadamente, sem se preocupar com a variedade de termos. Marcos tem um estilo de frases familiar; abusa das ligações de frase usando o “e”; usa algumas linguagens semíticas abá, eloi, lamá, corban etc. é  um evangelho latinista, empregando termos como o centurião, dentário, flagelação etc. Explora muito o gerúndio: Jesus caminhando, saindo, entrando na sinagoga etc.

Como se organiza esse evangelho pelo evangelista?

O centro do evangelho é a pergunta: quem é Jesus. Os milagres e controvérsias (1ª parte) procuram responder a essa questão. Os milagres provocavam reação, positiva ou negativa. O grupo que se opõe (fariseus-escribas; conterrâneos-família; os discípulos-desentendem). Na metade do Evangelho, capítulo, 8, Jesus pergunta quem é ele para o povo. Pedro confessa-o como messias. A segunda parte demonstra, para os discípulos, que as escrituras estão sendo cumpridas. O problema é saber quem era o messias. Na cabeça dos seguidores de Jesus, o messias tinha que destruir o inimigo para libertar o povo. Assim seria reestabelecido o trono de David. Jesus aparece com uma proposta completamente diferente. Diz (como num ensinamento profundo) a Pedro que o filho do homem vai sofrer, ser perseguido e morto-ressuscitado... (cf. Mc 8, 31s).

Jesus anuncia o reino com palavras e ações. Por causa dessa missão dá a vida. Na sua existência, nem todos compreendem a mensagem do Reio, a boa nova. Há uma incompreensão geral. Com a morte desse homem, seus seguidores sentem-se decepcionados. Apesar da incompreensão, permaneceu a atração pela mensagem de Cristo por parte dos discípulos.

Após esses acontecimentos, os discípulos fazem uma releitura da vida de Jesus à luz das escrituras. Constatam que Ele cumpriu as escrituras. Depois da morte de Jesus a única coisa que existe é a fé. Um grupo acreditou: havia sentido na boa nova, naquilo que o mestre havia anunciado e vivido. No fundo, o evangelho é a escrita da vida de uma comunidade.

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Sival Soares, 29 de abril de 2011




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